Identificação do Livro
Autor: Somerset Maugham
Edições: ASA
Colecção: Pequenos Prazeres
Nº págs.: 320
Classificação: Romance
Ilustração da Capa: Pormenor de um quadro de Paul Gauguin
Sinopse: Charles Strickland, corretor da Bolsa de Valores e típico homem de negócios, vive em Londres, é casado e pai de dois filhos. É ao mesmo tempo um homem atormentado por um voraz impulso artístico, ao qual cede por fim, trocando a sua vida convencional e privilegiada pela precaridade da vida de pintor em Paris e no Taiti. Mas, se por um lado, trair a família, o dever e a honra lhe dá a liberdade de que precisa para alcançar a excelência, por outro, essa decisão gera nele uma obsessão que virá a ter consequências terríveis.
Numa ode às forças poderosas e inontroláveis que existem por detrás da criação artística, a alma torturada e negligentemente cruel de Strickland simboliza aquilo que é, simultaneamente, a benção e a maldição do génio criativo.
Baseado na vida de Paul Gaugin, «A Lua e Cinco Tostões» é uma crítica mordaz da moral eduardiana e um retrato fulgurante da psicologia do génio. É esta pequena obra-prima de um grande escritor que a ASA se orgulha de relançar no mercado português, numa nova e qualificada tradução de Ana Maria Chaves.
“As pessoas dizem-me que é um bom título, mas que não sabem o que quer dizer.
Quer dizer isto: desejar a Lua e ignorar a moeda que está caída aos nossos pés.”
Somerset Maugham, a propósito deste seu livro
“Maugham foi o escritor moderno que mais me influenciou”
George Orwell
Síntese do assunto (por capítulos)
Este livro retrata a genialidade de um pintor britânico proveniente da sociedade moderna dos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX. Trata de questões como a Arte (ruptura com os cânones e primeiras vanguardas artísticas), a Humanidade (ambições, aspirações, "pecados e virtudes", situação sócio-económica e cultural), a Sociedade (convenções, regras, modas, status social), a Psicologia (os enredos da mente humana, a busca de explicações para comportamentos e/ou atitudes).
1 e 2 - O narrador autodiegético expõe os motivos pessoais que o levaram a escrever o livro.
3 - Brevíssima referência autobiográfica, apresentação do 1º plano do mundo dos escritores. Focagem de alguns aspectos da sociedade da época (fins séc. XIX - inícios séc. XX).
4 a 6 - Primeiro contacto com a familía de Charles Strickland, através de uma sua amiga escritora (Rose Waterford). Convívio com a família do futuro pintor, principalmente com Mrs.Strickland (pequena biografia). Descrição crítica da sociedade e apresentação do 2º plano do mundo dos escritores.
7 - Descrição da família de Strickland, incidindo nos seus 2 filhos.
8 e 9 - Charles Strickland abandona a mulher + filhos e vai para Paris. Nasce uma onda de boatos acerca deste episódio.
10 - Mrs. Strickland desabafa com o narrador e, apela a este para trazer o seu marido de volta.
11 a 13 - O narrador viaja para Paris à procura de Strickland. Encontro e conversa entre os dois. A partir daqui, descobre-se a personalidade controversa de Charles e assiste-se à 1ª tentativa do narrador para a compreender.
14 - Reflexões do narrador durante a viagem de regresso a Londres. Este viria sozinho, Strickland não o acompanhara e permanecera em Paris como era sua vontade.
15 a 17 - Mrs. Strickland é posta ao corrente dos intentos do seu marido, através do narrador, e faz-se à vida. Torna-se uma dactilógrafa de sucesso. Entretanto, o narrador sai da trivialidade de Londres e parte para Paris, passados 5 anos.
18 e 19 - Chegado a Paris contacta com o seu amigo Dirk Stroeve, pintor impressionista. Convive com este e a sua esposa, Blanche (descrição/caracterização e comentário pessoal sobre a personalidade de ambos, a sua relação conjugal e as obras de Stroeve). Episódio cómico em que Stroeve convida Strickland para ver os seus quadros.
20 e 21 - Encontro + jantar entre o narrador e Strickland (capítulos importantes).
22 - Estadia do narrador por Paris.
23 - Relação dos 3 artistas (Strickland + Stroeve + narrador) e descrição do casal Stroeve. (capítulo interessante)
24 - A época natalícia e a descoberta do "esconderijo" onde habitava Strickland.
25 - Pedido de Dirk a Blanche. (curioso o capítulo)
26 - Tratamento e recuperação de Strickland. O casal Stroeve cuidou dele durante 6 semanas.
27 e 28 - Revolução na casa de Stroeve: Strickland apodera-se do estúdio dele e expulsa-o de lá, Blanche apaixona-se por Strickland e quer deixar Stroeve! O pintor impressionista sai de casa e vai para a rua da amargura!
29 a 32- Dirk apoia-se no seu amigo, o narrador. Este faz reflexões sobre toda a situação, desde a personalidade dos 3 intervenientes deste triângulo amoroso até às intenções de Strickland, que para ele continuavam incompreensíveis.
33 a 36 - Série de acontecimentos que envolve a separação de Strickland e Blanche + tentativa de suicídio e morte de Blanche.
37 a 39 - Funeral de Blanche. Dirk Stroeve vai para casa dos pais, na Holanda (seu país natal).
40 a 42 - Narrador e Strickland; diálogos, opiniões, último contacto entre os dois. (capítulo importante)
43 - Reflexão I do narrador.
44 - A opinião de Strickland quanto aos outros pintores.
45 - Taiti, o local onde o artista se encontrou. Aqui, o narrador aproveitou para saber + infos sobre Charles.
46 e 47 - Capitão Nichols (breve biografia) e o seu testemunho de ter conhecido o pintor e da vida que levaram juntos em Marselha.
48 - Reflexão II do narrador.
49 - Tiaré Johnson (breve biografia), amiga de Charles que o ajudou.
50 - Reflexão III do narrador.
51 e 52 - Casamento de Charles Strickland com Ata, parenta de Tiaré. Breve descrição da vida do casal.
53 e 54 - Capitão Brunot (breve biografia) e testemunho de ter conhecido o pintor.
55 e 56 - Dr. Coutras, o médico que cuidou da lepra de Strickland.
57 - Morte de Charles Strickland.
58 - Reencontro do narrador com Mrs. Strickland para a pôr a par dos anos de vida do seu marido.
Aspectos do texto que despertaram interesse
Opinião sobre o livro
Os primeiros dois capítulos são capazes de desinteressar os leitores menos atentos e perspicazes. Para se ler este livro é preciso disponibilidade e abertura. À medida que se vai percebendo melhor o enredo, a curiosidade aumenta. Poderão haver comportamentos/atitudes e pensamentos que "choquem" o leitor, mas não é nada de exagerado. O autor do livro escreve simplesmente a realidade tal como ela é. As temáticas abordadas são boas, muito boas. Os ambientes são simples e os diálogos ricos, tanto em significados e interpretações, como na própria linguagem (esta é acessível, mas tem palavras que eu desconhecia. Gostei de as conhecer :D ). As personagens foram bem construídas, conseguindo surpreender o leitor em quase todos os momentos.
Não me vou prolongar mais porque este post já está muito comprido. Apenas recomendo vivamente este livro a qualquer leitor que já tenha tido contacto com a Psicologia, História, Arte ou que goste muito de ler (risos).
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