quarta-feira, 5 de agosto de 2009

"O Prenúncio das Águas", de Rosa Lobato de Faria



Identificação do Livro


Autor: Rosa Lobato de Faria
Edições: ASA
Nº de págs: 216
Colecção: ASA de Bolso
Classificação: ficção

SinopseTendo como pano de fundo uma aldeia condenada a ficar submersa pelas águas de uma barragem, cinco narradores falam de si, completando, à medida que o fazem, uma história a que só o leitor terá direito...


Críticas:

"São raros os escritores que, como a autora de O Prenúncio das Águas, detêm detêm uma extraordinária fluência discursiva aliada a uma poderosa imaginação criadora, "viciando" o leitor nos jogos da paixão, do ciúme e da vingança. Em fundo, um universo ficcional onde o fantástico e o real se entrelaçam. Como ponte entre ambos, a complexidade simbólica da água: fonte de vida, centro de amor, agente da morte. Canto do cisne de uma aldeia real e mítica, luz que brilhará para sempre no fundo das águas".
Teresa Martins Marques


"Dotada de uma esplendorosa imaginação gótica , Rosa Lobato de Faria evidencia, como poucos romancistas, o poder, típico dos grandes ficcionistas, de aprisionar com firmeza o leitor no interior do seu fascinante universo, "fechando-o", durante duas ou três horas, a qualquer contacto com o mundo "cá de fora". Um notabilíssimo talento".
Eugénio Lisboa

Opinião Pessoal


Não vou fazer a sinopse com medo de contar a história toda (risos). Porque se contasse a vida de cada personagem + os enredos e etc... O factor mistério, na altura em que lessem este livro, já não existiria. E seria uma enorme pena!
Referencio só os nomes dos 5 narradores: Filomena, Tia Sebastiana, Pedro, Prof. Ivo Durães e Ausenda.
Assim, resumo-me apenas à minha opinião e experiência da leitura. É de facto muito pouco para quem nunca leu este livro, mas o objectivo é "deixar a pulga atrás da orelha".

Começo então pela organização do livro.
Não há capítulos numerados. Há sim grandes espaços que permitem identificar a tal mudança de capítulo. E se calhar nem se chamam capítulos, mas partes. E em cada uma das partes (contei 36, com uma média de 4 páginas), uma narrador fala aleatoriamente.
Gostei desta forma de organização, parecida com "O Memorial do Convento" de José Saramago. Intui ao leitor maior fluidez do discurso, assim como a ligação das diferentes histórias narradas, que no final se complementam umas às outras. É uma boa táctica usada pela escritora.

Dica:
Escrevam em cada início de capítulo/parte o nome do narrador. É uma forma de não perderem o fio à meada.


Quanto à história...Foi muito bem pensada e elaborada. Com forte carácter verídico (factor que me interessa bastante), aliado a uma "poderosa imaginação criadora", como criticou Teresa Martins Marques, mais acima.
Todas as personagens me fascinaram. Desde a Filomena com a sua atitude jovem e irreverente, à Tia Sebastiana com o seu passado e as suas lendas, ao Pedro como criança feliz, à Ausenda mais a sua família e mistérios, e ao Prof. Ivo Durães pela sua cultura e virtudes.
Todos eles estão ligados primeiramente pelo facto de serem naturais e gostarem da aldeia Rio do Anjo, que está para sempre condenada ao afogamento e esquecimento....
É fantástico o enredo e as tramas que se descobrem. Porque provocam a reflexão sobre as tradições e a maneira de pensar das pessoas daquela terra e em vários momentos históricos. Aprendi coisas novas =)

Foi o primeiro livro que li da escritora Rosa Lobato de Faria e gostei. Pretendo ler mais obras suas.
Aconselho também que o façam. Afinal de contas, é uma grande e admirada escritora portuguesa. Há que apoiar a literatura nacional ;)



PONTUAÇÃO DO LIVRO

  • ❤ - Favorito



Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ