I. Identificação do Livro
Autor: Carlos Quiroga
Edições: QuidNovi
Nº. de págs.: 95
Colecção: Biblioteca de Verão JN e DN
Ano de edição: 2010
Classificação: Romance
Sinopse: Este romance é uma história de amor, morte e desespero. O relato da fuga de um indivíduo — médico galego a trabalhar em Lisboa —, cansado do fragor da cidade e da mentira, até aos confins do mundo. Um indivíduo que inicia uma busca de paz e que, de uma praia longínqua no Corno de África, cumpre uma promessa antiga e recorda para a mulher que ama (mas com quem, por cobardia, não ficou), os verdadeiros motivos do seu desaparecimento. Nos territórios deslumbrantes e incandescentes onde, um século antes, fora parar o poeta Arthur Rimbaud quando desistira de escrever (e donde só regressaria para morrer) - e que nesse tempo se chamavam simplesmente Abissínia - encontramos agora um homem que decide escrever à única mulher que realmente amou uma longa carta que é, simultaneamente, o pagamento de uma antiga dívida e um apelo ao reencontro de ambos.
Narrativa muito bela, escrita de um jacto, por vezes lírica, por vezes épica, não raras vezes erótica, este livro deixa ainda no ar um perfume de mistério à roda de um crime (um corpo que aparece no hospital na véspera da fuga) que, no fundo, desencadeia uma aventura sem limites que leva o narrador até Lalibela, a cidade sagrada etíope que ele escolhe para viver e onde espera, por fim, encontrar a paz. E talvez também essa mulher que amou.
Quem nunca pensou em largar tudo de repente e partir para longe?
Quem nunca amou perdidamente uma vez na vida?
II. Opinião Pessoal
Este livro não me apaixonou.
É confuso na sua narração.
O "homem fala, fala, fala e a gente quase nem tem tempo de respirar!"
Cruzes canhoto...
Num momento está a falar do agora, como de repente começa a contar episódios do passado que, provavelmente têm ligação com a situação presente, mas é dito tudo a correr. E até são coisas importantes que deviam ser ditas de outra maneira e com mais calma para serem melhor "digeridas"... [pausa para respirar]
Há pessoas que não são felizes, andam toda a vida à procura do que lhes falta: uns conseguem encontrar e ser felizes, outros não.
A sociedade ocidental tem tendência para se refugiar no oriente, nas suas paisagens, na sua cultura. Foi o que este narrador autodiegético fez.
Este tipo de pessoas não têm crenças, nem fé. Andam por andar, vivem por viver. Não sabem lidar com as agruras da vida, nem distinguir o certo do errado. Fazem asneiras, cometem erros, e não sabem arrepender-se nem corrigir o mal feito.
Para mim, um homem destes não serve. Ele é inseguro, inconstante, não está reconciliado com o passado, não sabe o que quer, está perdido no mundo porque desconhece qual é a sua missão aqui.
Encontrar respostas na cultura da Etiópia, não vai ajudar muito.
Fazer um processo de auto-reflexão e auto-conhecimento, sim, ajuda, que é praticamente o que ele faz durante o livro todo, numa espécie de desabafo/confissão.
Mas falta-lhe mais! Ele está incompleto e não se sente bem com ele próprio. Penso que ele precisa de ser perdoado e que lhe dêm uma segunda oportunidade para melhorar.
Contudo, a solução não passa por ficar parado à espera que ela (a tal mulher que ama) lhe caia do céu, como por milagre. Cada um pode criar as oportunidades de que necessita. Não tem de ser obra do destino. Por isso, ele que se mexa!
Pontuação do Livro
✰✰✰ - Razoável
III. Citações
"Por isso se parte. Se foge. Se finge que se foge. Porque não se foge nada. Não se parte. Não se descobrem terras nem estranhos. Descobre-se cada um a si mesmo. Descobre-se a mão que se tinha nas mãos. As linhas da mão das mãos. O sentido que se traz dentro das mãos. Por isso não se parte realmente. Só se finge que se parte. E a viagem é a forma mais fácil de fingir. E assim foi ela para onde achava que devia ir porque o seu coração a guiava, e deve ter voltado para aquilo de que nunca partira. E assim fugi eu para onde achava que me podia perder porque perdera o meu coração e já não era possível voltar para o que de mim partira. Porque se partira."
"O medo da solidão e da morte são a pura essência do deserto. O medo de nos perdermos. O medo de todas as verdades. (...) Só quando o medo de estar a sós com o mais fundo de ti mesmo desaparece, só quando tocas esse fundo do deserto, só então sentes o valor de querer viver, sabes que a paixão é motor da vida e prova do medo. (...) O medo é bom para nos lembrar que é preciso um chão para segurar a paixão".
IV. Mais infos
Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ